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AVRW - Capítulo 04

Madame Marie
POV Scorpius
Observava toda a gentinha Potter e Weasley se aproximando e abraçando-a como se fizesse anos que não se viam. Quantos mesmo? Não consegui lembrar, mas ainda estava fresco em minha memória papai xingando Merlin e o mundo, estressado com o rebuliço que os pais de Rose Weasley faziam no Ministério para encontrar a filha.
A única coisa que pensei naquele dia foi: “E quem se importa com aquela perdedora?”.
Perdedora? Em outra vida, talvez. Aquela Weasley meio sorridente meio chorosa no Salão Principal de Hogwarts rodeada de todos aqueles idiotas grifinórios era tudo, menos uma perdedora.
Os movimentos que ela executara em sua entrada ainda estavam vivos em minha mente, o que me fazia querer vê-la de perto cada vez mais.
Aquela cena melosa do grupo estava me dando náuseas, mas estava tão difícil parar de olhá-la…
A diretora dela a fez se recompor e então toda a gentinha se afastou. Mas aquela era a gentinhadela, era parte de onde ela provinha. Era uma Weasley por natureza.
Exato! O que estava acontecendo comigo? Ela era uma sangue-ruim! Gostosa, mas ainda assim uma sangue-ruim.
Observei-a caminhar graciosamente, com as vestes delineando suas curvas.
Precisava ter aquela garota o mais rápido possível, pouco me importava se ela era uma sangue-ruim.
Sorri enquanto ela flutuava até nossa mesa, como se viesse em minha direção. Sentou entre seus colegas e não demorou muito para uma das garotas que estava ao seu lado, perceber que eu secava Rose com os olhos.
Vi-a apontar para mim tentando disfarçar e sabia, em algum lugar dentro de mim, que deveria olhar para outro lugar. Mas, naquele momento, o cabelo flamejante de Rose Weasley parecia me hipnotizar.
Será que ela não era mesmo uma veela?
E então ela jogou o cabelo na frente do rosto e virou em minha direção. Não ousei desviar e mesmo que quisesse, não conseguiria.
Passou-se um segundo, dois, três em que ela ficou virada em minha direção. Não podia ver seus olhos, mas os imaginei vivos e brilhantes.
Mas então sua amiga a chamou, o que me chateou, mas logo depois Luke me empurrou, como forma de chamar minha atenção também:
– E aí, qual delas? Eu to pensando naquela que está ao lado da Weasley. – foi quase um choque ouvir Luke se referir a ela pelo sobrenome, já que antes usava apelidos nada carinhosos.
Olhei mais uma vez para Rose Weasley.
_Não escolhi ainda. Mas a variedade está boa. – Luke riu voltando a atenção para o jantar e eu fiz o mesmo.
POV Rose
Quando entrei no Salão Comunal aquela noite fazendo a coreografia exatamente do jeito que ensaiara por semanas, perfeita, alguma coisa em mim não conseguia deixar que mostrasse o rosto. Fiquei abaixada o quanto pude para impedir que qualquer um ali me reconhecesse.
Nicole fez "psiu" duas vezes para mim, mas simplesmente tinha medo demais de levantar a cabeça e me deparar com as várias expressões de surpresa que iriam surgir e os murmurinhos... mas quando ouvi Hugo, meu irmãozinho pronunciar meu nome, meu coração inflou e não tive mais forças para me esconder. Precisava olhá-lo.
Agora ali, na Sala da Direção, como minutos antes no Salão Principal, todos me olhavam.
Mamãe parecia tentar não piscar, provavelmente com medo que eu sumisse. Papai, desde que segurara minha mão na porta do Salão Principal, não a soltara mais. Dei um sorriso olhando um por um, parando em McGonagall, que estava em pé, mais afastada de nós.
_Rose, filha... - olhei mamãe que começara a chorar. - por que, minha pequena? Por que fugiu da gente?
_Não, eu não fugi de você, mamãe. – me apressei a dizer. Me ajoelhei a sua frente sentindo sua mão acariciando meu rosto. - Eu só não queria voltar para Hogwarts. - confessei cabisbaixa.
Ouvi um arfar surpreso e sabia que era de McGonagall.
_Eu não aguentava mais acordar todos os dias com as pessoas me olhando feio e me humilhando... – continuei antes que me interrompessem e tentei não chorar. - Eu nunca tive forças, mamãe, para aguentar as humilhações. Nunca! E eu tentei dizer isso a vocês, mas não deram importância...
_Demos sim querida, demos. - papai interrompeu. - Mas você tinha que ser forte. Olhe sua mãe. - fiz o que ele mandou, vendo-a dar um sorriso. - Passou a vida inteirinha em Hogwarts sendo a mais estudiosa, assim como você, e por vezes ouvia coisas que não gostava, mas ela continuou. E sabe por que, minha querida, porque você tem que estar bem consigo. É só você e você.
Suas palavras foram lindas e expus meus pensamentos:
_Esse sempre foi o problema, eu nunca tinha gostado de mim.
A porta se abriu e olhei para ver quem entrava: Madama Marie. Me deu um sorriso maternal, como sempre fazia, e voltei a olhar minha família, que parecia chocada com minhas palavras anteriores.
_Mas então quando fugi e Madame Marie me ajudou, eu comecei a gostar mais de mim. Comecei a ver o que eu tinha de melhor além da inteligência. Fiquei completa. Quero dizer, quase.Sempre me faltaram vocês.
Mamãe me apertou mais uma vez em seus braços.
_Oh, Rose, nunca mais me deixe, nunca... - sua voz era baixa em meu ouvido.
Era um pedido sincero e incerto. No fundo ela sabia, assim como eu, que eu teria que retornar a Beauxbatons para completar o sétimo ano.
Quando me soltou, percebi que papai não estava mais ao meu lado e sim ao lado de Madame Marie. Podia ouvi-lo enquanto agradecia por ela ter cuidado de mim todo aquele tempo. Mamãe também se levantou e me arrastou junto para cumprimentar Madame Marie.
_Ah Madame Marie, não sei o que dizer. - mamãe tinha essa mania de abraçar todo mundo quando ficava emocionada. A diretora ficou surpresa, mas retribuiu e pude ver como as lágrimas se formavam em seus olhos. Ela se recompôs a tempo de poder olhar mamãe com compostura quando se soltaram. - Muito obrigada por ter cuidado de minha filha todo esse tempo e vejo que com muito zelo, pois os olhos de Rose brilham ao falar da senhora. - mamãe me abraçou mais uma vez e eu sorri.
Era ótimo estar ali, com minha mãe me abraçando daquele jeito meio que dizendo "Você nunca mais sai debaixo da minha asa, mocinha". E de certa forma eu não queria mesmo sair.
_Senhora Weasley, não tenha dúvidas de que eu quem tenho muito a agradecer. - a voz de Madame Marie me tirou de meus devaneios e prestei atenção a ela mais uma vez. - Rose fez um bem tremendo a mim, desde a primeira vez que nos encontramos no Beco Diagonal. É uma menina tão pura e boa, simplesmente deixa encantado qualquer um de quem se aproxime. E digo em nome de todos nós da Beauxbatons, que adoraríamos que os senhores a permitissem retornar para completar o último ano conosco. - ela deu um sorriso doce e continuou: - Mas isso não é assunto para agora.
Quando dei por mim, mamãe já estava limpando as lágrimas que pulavam de meus olhos. Ri meio boba achando incrível tudo o que Madame Marie acabara de falar.
_Madame Marie, que mal lhe pergunte, por que levou uma menina de apenas quatorze anos para a França? Uma menina totalmente desconhecida. – perguntou meu tio, aflorando seu lado auror.
_Tio Harry! - resmunguei, mas percebi que todos agora olhavam para Madame Marie esperando uma resposta. Sabia que iam questionar aquilo, mas não esperava que fosse tão rápido e tão sem tato.
Madame era uma pessoa incrível e tio Harry, fazendo aquela pergunta, derrubava toda a boa impressão que ela causara.
_Não, minha querida, compreendo seu tio. Nada mais justo que ele saber como aconteceu. - ela sorriu mostrando que realmente não se magoara com aquilo. - Senhores, encontrar Rose no Beco Diagonal três anos atrás, no meio de tantas pessoas, só tenho palavras para dizer que foi obra do destino. Ela estava angustiada, olhando as pessoas comendo na lanchonete. Aproximei-me perguntando o que ela fazia ali, sozinha... e então a pequena Rose começou a chorar e contar tudo o que lhe acontecia aqui em Hogwarts e eu me sensibilizei. Me sensibilizei porque sei como é esse sofrimento de exclusão, foi assim que vivi a maior parte da minha vida em Beauxbatons. Nunca fui bonita e graciosa como as outras.
_Como pode não ter sido, Madame? - minha voz demonstrava surpresa e seu sorriso para mim foi cúmplice.
Imaginá-la tendo os mesmos sofrimentos que eu era algo impossível!
_Ah, minha pequena, você não foi a primeira e nem vai ser a última a sofrer com isso. Basta querer e olha agora onde você chegou! – ela apontou para mim dos pés a cabeça. – A única coisa que eu queria de meus pais, era que eles me tirassem de Beauxbatons, mas isso não aconteceu. Quando encontrei Rose, confesso que fui irresponsável aquele dia, mas vê-la, era como ver a mim mesma. E a única coisa que pensei foi em ajudá-la. Dar o sossego que ela tanto queria, que eu tanto quis quando jovem. Peço desculpas. – papai ofereceu um lenço a ela quando uma lágrima escapou.
Me soltei dos braços de mamãe e corri para Madame Marie, que me abraçou docemente.
_Ah Madame Marie, não imagina o quanto sou grata por tudo o que fez. Mesmo sabendo que corria risco se me encontrassem junto à senhora, nunca voltou atrás.
_Como já disse, Rose, você quem me ajudou. Me tornou uma pessoa melhor.
_Melhor do que a senhora já era. – acrescentei com um sorriso e ela me abraçou ternamente.
_Desculpe, Madame Marie. – ouvi a voz de tio Harry. – Mas é que a forma como tudo aconteceu e reencontrar Rose aqui, sã e salva, é algo maravilhoso. Desculpe se pareci rude, não foi minha intenção.
_Não se desculpe, senhor Potter. – ainda estava grudada a Madame quando ela falou mais para mim: – Aproveite seus pais, vá, pois já deveria ter jantado. A viagem foi muito cansativa e você tem que dormir. – me afastei voltando a ficar com meus pais por mais alguns minutos. Não tivemos muito tempo, pois já era tarde e eles precisavam trabalhar no dia seguinte.
_Mande-nos uma carta amanhã, certo? – minha mãe falou beijando o topo de minha cabeça e logo depois usou o Pó de Flu para ir embora de Hogwarts.
Depois foi tia Gina e tio Harry. Meu pai me olhou seriamente.
_Rose, nunca mais faça algo assim. – me joguei em seus braços prometendo que nunca mais faria algo parecido.
Desci ao lado de McGonagall e segurando a mão de Alvo fortemente. Passei tanto tempo longe dele e tinha tantas coisas para contar… mas só amanhã, em algum momento que conseguíssemos ficar a sós. Hugo agarrou minha outra mão com ciúmes e Lilian, para não ficar de fora, se apoiou no meu ombro e no de Alvo.
_Sentimos muito a sua falta. – Lilian despejou.
_Eu sei, eu também. – parei antes de chagarmos ao Salão Principal e abri os braços. Os três me abraçaram longamente, o que fez McGonagall sorrir.
Estava mais uma vez no Salão Principal, mas agora poucos me olharam. A maioria estava concentrada no jantar. Corri para a mesa da Sonserina, me sentando mais uma vez entre Sophie e Caterine.
_E então? – perguntaram ansiosas. Sabia que elas queriam que eu contasse como havia sido a conversa com meus pais, mas não só elas. Todos os meus colegas de Beauxbatons prestaram atenção em mim e me senti grata por eles se importarem verdadeiramente comigo. E então despejei tudo – menos o que Madame Marie contara sobre sua adolescência, não havia razão para expô-la de tal forma. Todos escutaram atentamente e até riram quando falei que mamãe abraçara Madame.
Quando terminei, todos disseram estarem felizes por tudo ter dado certo com minha família, mas avisaram que não era pra eu facilitar para Hogwarts caso fosse a Escolhida pelo Cálice de Fogo.
Nem precisavam dizer aquilo. Eu era de Beauxbatons, e era Beauxbatons que eu iria defender até o fim.
_Vamos dormir na Casa da Sonserina. – Caterine falou após um tempo, a voz hesitante, me fazendo parar com o copo de suco a meio caminho da boca.
Sophie me olhou tensa esperando por uma explosão.
_Como é? - aquilo devia ser uma piada, só podia ser uma piada.
_Foi o que Madame Marie nos passou antes de seguir vocês. – Giulio acrescentou.
Olhei meus primos e meu irmão na mesa da Grifinória e depois, inconscientemente, voltei minha atenção para alguém ali mesmo na mesa sonserina. Alguém que mantinha o olhar fixo em mim mais uma vez aquela noite.


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