Torneio Tribruxo
Entramos calmamente no Salão
Principal. Quer dizer, Alice saltitava ao meu lado e eu ria de sua expressão de
contentamento. Ela era sempre assim: descontraída, brincalhona, de bem com a
vida. Sua presença era alegre e eu soltei uma gostosa gargalhada quando ela me
olhou mostrando a língua por eu ter rido dela.
– Você é muito infantil, Line!
- exclamei, ainda rindo.
– E você é muito adulta pra sua
idade, senhorita Weasley! – foi minha vez de mostrar a língua, e não
pude evitar meu contentamento ao ouvi-la me chamar por meu sobrenome. Todas as
vezes que eu era chamada de Granger era estranho, pois não era o sobrenome que eu
queria realmente ouvir.
Line olhou para um ponto da
mesa da Sonserina e voltou a olhar para mim, dessa vez séria.
– Sua amiguinha está olhando
para cá com cara feia! - soltei um pequeno risinho enquanto olhava em direção a
Caterine, que tinha a sobrancelha arqueada para mim. Rindo, me despedi de Line,
que foi conversar com Louise e Isabela Farias. Me aproximei de Cat e Soph.
– Vocês não se importam que eu
me sente com os meus primos hoje, se importam? - perguntei antes que Caterine
fizesse algum comentário. Seu olhar suavizou e foi ela quem respondeu.
– Claro que não, Rose. Vai lá,
aproveite eles! - feliz com sua resposta, caminhei em direção à mesa da
Grifinória saltitando tanto quanto Aline fizera ao entrar no Salão Principal.
– Oi! - exclamei assim que
cheguei na extremidade da mesa em que meu irmão e Lily se encontravam. Os dois
abriram grandes sorrisos e Lily foi um pouco mais para o lado, para que eu
pudesse me sentar entre ela e Hugo.
– Roseeeeee! - antes que eu
pudesse me sentar completamente, ouvi alguém gritando meu nome e momentos
depois uma cabeleira ruiva estava me puxando.
– Hei, Molly, espera! -
praticamente gritei para que ela me ouvisse, mas ela não ligou, apenas
continuou me puxando. Alguns rostos se viraram em nossa direção ao ouvir meu
grito rindo de meu desespero.
– Molly, Molly, para onde você
está me levando? - perguntei enquanto saíamos do Salão Principal. Consegui me
desvencilhar dela e assim ela parou olhando por cima da minha cabeça. De
repente bateu uma mão na testa e voltou correndo para onde Lily e Hugo estavam
sentados. Os três vieram em minha direção, Lily e Hugo com as expressões tão
confusas quanto a minha.
– O que está acontecendo? -
perguntei meio nervosa.
– Não posso falar agora, Rose.
Apenas me siga. - deixei que a louca nos guiasse. Ela nos levou para o sétimo
andar, em frente a uma parede sem nada. Sorri sabendo que ali não era apenas
uma parede.
– Sala Precisa. - sussurrei, e
Molly assentiu, enquanto caminhava de lá para cá três vezes. Na terceira vez,
uma porta apareceu e Molly a abriu sem pestanejar. Foi um baque ver todos
reunidos lá dentro. Lily deu um gritinho e exclamou:
– Reunião em Família! - abri
instantaneamente um sorriso, finalmente entendendo o que Molly queria. A
Reunião em Família era um hábito que tínhamos. Todos Weasley que ainda estavam
em Hogwarts se reuniam, e conversávamos assuntos variados. Era o dia da
família, já que a maioria tinha amigos diferentes e estavam em anos diferentes.
Essa era uma maneira nossa de nunca nos desconectar.
– Faz anos que não nos reunimos
assim! Pensei que seria uma boa ideia agora que Rose voltou. - comentou
calmamente Dominique, vindo em minha direção e me dando um abraço.
– É uma ótima ideia! - disse,
tentando evitar o desconforto com suas palavras. Era quase óbvio que eles
haviam parado de se reunir por minha culpa.
– Mas então - comecei, quando
me sentei no pufe violeta que tinha ali na sala. Todos estávamos sentados numa
rodinha, cada um num pufe de uma cor. - o que querem falar?
– Sobre Beauxbatons, é claro. -
respondeu imediatamente Lucy. - Como é lá?
Dei uma explicação detalhada de
como era a Escola e, depois de satisfeitos, começaram a me contar o que fizeram
e aprontaram nesses anos. Depois nos divertimos com alguns jogos, e perdi uma
partida particularmente longa de xadrez bruxo do meu irmão, que herdara as
habilidades de meu pai. Jogamos Snap Explosivo e fizemos muitas outras
brincadeiras. Mais tarde, quando estávamos novamente reunidos sentados nos
pufes, Dominique falou algo que fez com que todos ficássemos tensos.
– Torneio Tribruxo. - disse
olhando diretamente para mim. - Devo presumir que o motivo pelo qual você está
aqui é pelo Torneio, não? - sua voz não era acusatória, pelo contrário, ela
falava num tom suave e curioso.
– Sim.
– Então, obviamente, você irá
participar. Eu planejava me inscrever, mas não quero de jeito algum ser
sua inimiga. Portanto, proponho algo. - olhou seriamente para todos ali na
sala, que escutavam o que ela dizia seriamente. - Ninguém mais se inscrever,
apenas Rose.
– Mas… e se eu não for a
Escolhida? – perguntei temerosa. Não era prazeroso pensar em disputar o Torneio
com alguém da minha família, mas ao mesmo tempo não queria que Dominique
desistisse de algo que ela queria.
Na verdade, que qualquer um com
idade suficiente queria.
– Bem, melhor nenhum de nós,
que dois de nós. – sorri agradecida pelo sacrifício que ela estava fazendo por
mim. – Seria realmente uma catástrofe se dois Weasley participassem
do Torneio.
Todos concordaram sem
pestanejar, apesar de meu olhar estar sobre Roxanne e eu ter visto seu rosto
nublar-se de raiva, mas ela ficou quieta, provavelmente lembrando-se de minha
ameaça.
(...)
Voltamos para o Salão com o
olhar de várias pessoas sobre nós. O que posso dizer? A família Weasley é
realmente grande e todos estando juntos sequer conseguem passar lado a lado
pelas largas portas do Salão Principal.
Já tinha avisado Soph e Cat que
iria jantar com meus primos, e elas não se importaram. Observei enquanto a
professora McGonagall se levantava ao fim do banquete, fazendo com que o Salão
ficasse silencioso imediatamente.
– Devido a alguns imprevistos
na noite passada, - senti meu rosto corar instantaneamente. - a abertura
oficial do Torneio Tribruxo será feita hoje. Eu gostaria de explicar algumas
coisas antes de trazer o escrínio... - ouvimos alguns murmúrios de es o quê? Eu, Lily, Albus e Hugo nos entreolhamos,
sorrindo. É claro que sabíamos como eram escolhidos os campeões, tio Harry e
papai sempre contavam para nós esta história.
Seu
tio teve muito azar, Rosinha, quando foi escolhido para o Torneio Tribruxo.
Todos ficaram contra ele, inclusive eu, lembrei de quando meu pai me contou, a voz um
pouco amarga no início.
"... O Sr. Larry Hadwin,
Chefe do Departamento de Cooperação Internacional em Magia, e a Sra. Natasha
Rodrigues, Chefe do Departamento de Jogos e Esportes Mágicos não puderam,
infelizmente, comparecer a abertura do Torneio, mas se juntarão a mim, ao Prof.
Krum e à Madame Marie na banca que julgará os esforços dos campeões, já tendo
sido decidido o prêmio em mil galeões.
Meu coração deu um salto à
palavra campeões, e a Prof. McGonagall, vendo os rostos
ansiosos, deu um meio sorriso dizendo:
– O escrínio, então, por favor,
Sr. Zacs. - o mesmo homem feio e de cabelo lamacento que nos guiou até o Salão
Principal no primeiro dia se aproximou, trazendo uma arca de madeira,
incrustada de pedras preciosas.
– Como todos sabem, três
campeões competem o Torneio, - ia dizendo a diretora, mas ela deu um pequeno
sorriso, como se lembrasse de algo e eu voltei a olhar Lilian, que também
sorria. – houve apenas uma exceção, vinte e oito anos atrás, revelando quatro campeões. O nome daquele que deseja se
inscrever deve estar em uma caligrafia clara, acompanhado do nome da Escola a
qual pertence. As medidas tomadas no último Torneio continuam, por isso, apenas
estudantes maiores de idade poderão se inscrever. – McGonagall teve que se
sobrepor aos murmúrios de indignação que se seguiram. – Por favor, não são
tarefas que alunos de qualquer ano possam exercer! É preciso, acima de tudo,
conhecimento, pois não serão tarefas fáceis.
Claro que não seriam, e era
aquilo que me deixava com ainda mais vontade de participar. Ganharia o título
de campeã acrescido à bonificação de mil galeões.
McGonagall ergueu a mão com a
varinha em um pedido mudo de silêncio. Com três leves toques sobre a arca de
madeira, a tampa se soltou afastando-se dela, dando espaço para que McGonagall
retirasse de lá um grande cálice talhado em ouro e em sua borda, chamas
branco-azuladas movimentavam-se.
– Aviso àqueles que desejarem
por seu nome no Cálice que é um caminho sem volta. – ela olhou séria para todos
os alunos, demorando o olhar na mesa da Grifinória, e senti que ela nos
observava. – Uma vez escolhido, o aluno terá que participar. - dei um leve
sorriso àquelas palavras. - Para que sejam evitados eventuais tentativas de
menores de idade depositarem seu nome no Cálice, será traçada uma linha etária
ao seu redor e ele permanecerá aqui no Salão Principal até amanhã à noite,
quando revelaremos os campeões. Mais uma vez, estejam cientes do compromisso
que assumirão ao decidir ser um campeão. Agora vamos, uma boa noite a todos.
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