Quatro?
Após o treino, me despedi de Caterine e Sophie e fui em direção ao Lago.
As duas queriam tomar um banho e foram para o dormitório. Sentei-me a beira do
Lago e fiquei olhando para a água cristalina, sem realmente ver. Minha cabeça
não estava ali. Eu não conseguia, infelizmente, tirar o garoto de olhos
acinzentados da cabeça. A vingança estava dando certo, Malfoy está comendo na
minha mão. Falta muito pouco para ele se apaixonar. Mas até onde essa vingança
vai me levar? Será que vai adiantar alguma coisa? Será possível que tudo o que
eu quero se realize?
O pior era que eu fugira. Simplesmente saíra correndo, não continuando
com minha vingança. Eu precisava ser forte! Mas sentir todas aquelas coisas
quando finalmente o beijei... foi demais pra mim. Eu esperara aquilo por anos e
todas as sensações que senti foram devastadoras.
Merlim, eu serei capaz de continuar com isso?
Fui interrompida em minhas divagações quando senti mãos se fecharam ao
redor de meu rosto, por cima de meus olhos. Senti aquelas mãos frias e dei um
sorriso exuberante.
– Quem é? - perguntei, sorrindo.
– Adivinha. - respondeu uma voz muito fina e forçada. Gargalhei
colocando minhas mãos por cima das dele.
– Hm... deixa eu ver... Giulio? - as mãos deixaram meu rosto
bruscamente, e Malfoy me virou em direção a ele.
– Quem é Giulio? - sua voz era furiosa, e arqueei minhas sobrancelhas.
– Um amigo meu. - respondi, maliciosa. Suas mãos se fecharam em punhos e
eu ri, pondo minhas mãos sobre as dele. – Que está muito a fim de Caterine.
– Ah. - soltou um pouco constrangido. Sorri e dei um selinho nele.
– Ciúmes?
– É claro que não! - negou, rápido de mais. Aproximei-me de seu rosto e
sussurrei em seu ouvido:
– Não se preocupe, estou muito a fim de um
filhote de doninha. - ri da piada interna, mas ele não entendeu.
– Quem? - revirei os olhos, e peguei sua mão.
– Vamos, a escolha dos campeões já vai começar.
Caminhamos até o Salão Principal falando sobre o Torneio. Malfoy me
disse que ele tinha se inscrito e que esperava que fosse o escolhido de
Hogwarts, o que eu rezava fervorosamente para que não acontecesse, já que tê-lo
como inimigo no Torneio não era algo que eu queria. Quando chegamos ao Salão,
sussurrei em seu ouvido:
– Meu pai chama o seu de doninha até hoje. - e fui em direção à ponta da
mesa, me juntando aos meus colegas, enquanto ele ia até o seu amigo na outra
extremidade da mesa, com um sorriso bobo nos lábios.
(...)
— O Cálice de
Fogo está quase pronto para decidir — disse McGonagall, e no mesmo instante
minhas entranhas se reviraram velozmente. O nervosismo entrava em cada célula
de meu corpo. Era agora. — Estimo que só precise de mais um minuto. Quando os
nomes dos Campeões forem chamados, eu peço que eles venham para este lado do
salão, passem diante da mesa dos professores e entrem na câmara ao lado — ela
indicou a porta atrás da mesa —, onde receberão as primeiras instruções.
Oh, God! Eu, Sophie e Caterine nos demos as mãos, as três tremendo.
Porém, no rosto, a mesma expressão fria marcava nossas expressões, escondíamos
tudo que estávamos sentindo. Prof. McGonagall fez um floreio com a varinha, e
quase todas as velas do Salão se apagaram, ficando apenas aquelas próximas aos
pontos extremos do Salão. A ansiedade de todos era quase palpável. O Cálice de
Fogo brilhava intensamente, a brancura azulada das chamas que faiscavam
vivamente quase fazia os olhos doerem.
De repente, as chamas do Cálice antes azul peroladas, começaram a se
avermelhar.
– É agora. – sussurrou Sophie, mortificada, olhando fixamente para o
Cálice.
Começaram a sair faíscas. No momento seguinte, uma língua de fogo se
ergueu no ar, e expeliu um pedaço de pergaminho chamuscado. Vi Caterine
respirar fundo.
Prof. McGonagall pegou o pergaminho delicadamente e aproximou-o do
Cálice, de modo que as luzes do mesmo a ajudasse na leitura.
– O campeão de Durmstrang - leu em alto e bom som. Sua voz estava um
pouco trêmula e ela pigarreou. – é Boris Kubrat.
Uma tempestade de aplausos e urros masculinos se espalharam pelo Salão,
vinda dos alunos de Durmstrang. Sequer prestei atenção ao rapaz que saía da
mesa da Corvinal e se encaminhava para a entrada da câmara para a qual a
diretora apontava, mas percebi que aqueles garotos sabiam fazer barulho.
Continuava encarando fixamente o Cálice.
Quando os aplausos morreram, todos voltaram a olhar para o Cálice, que
mais uma vez soltava faíscas avermelhadas. Um segundo pedaço de pergaminho saiu
dele.
– É agora! – repeti o que Sophie falara. A Prof. McGonagall olhou o
pergaminho, e vi-a dando um leve sorriso, antes de anunciar:
– A campeã de Beauxbatons... – fez um suspense. – é Rose Weasley! – o
mundo parou. Minha cabeça girou, e apenas senti os braços de Sophie e Caterine
em volta de mim. E então, não apenas meus colegas de Beauxbatons se levantaram
para me aplaudir, mas também a mesa da Grifinória. A Corvinal, a Lufa-Lufa e –
para a minha completa surpresa – a Sonserina também seguiram o exemplo e todos
se levantaram, ovacionando, gritando meu nome. Os alunos de Durmstrang, sem
saída, também se levantaram e começaram a me aplaudir. Parecia um sonho. Passei
por entre aquele mar de pessoas, com todos comemorando, gritando... Passei
pelos professores, que me sorriram. E logo depois entrei na câmera, não ouvindo
mais os aplausos nem as ovações.
POV Albus
Paramos de aplaudir Rose, mas os sorrisos faiscantes ainda continuavam
em nossos rostos. Rose conseguira! Realizara seu sonho! Nosso sonho! Eu estava
tão feliz por ela que não consegui parar de sorrir, mesmo quando o Cálice
novamente se avermelhou, e a língua de fogo ergueu-se novamente. A diretora
pegou o terceiro pergaminho, e meu sorriso se apagou completamente ao ouvir
quem era o Campeão de Hogwarts.
– E o campeão de Hogwarts – dessa vez ela fez muito mais suspense, a
escola inteira parecia ter prendido a respiração. – é Scorpius Malfoy! – droga!
A mesa da Sonserina em peso se levantou e fez um estardalhaço. Malfoy parecia
um pouco desconcertado, mas tinha um grande sorriso no rosto. E mais do que
nunca desejei que Rose vencesse esse Torneio.
– Ótimo! – Prof. McGonagall parecia realmente feliz. - Agora temos os
nossos três Campeões. Estou certa de que posso contar com todos para oferecer a
eles todo o apoio que puderem dar, torcendo...
Mas ela parou de falar, e olhei confusamente para onde ela olhava.
Percebi imediatamente o porquê da pausa no falatório: o Cálice acabara de se
avermelhar outra vez. Meus olhos se arregalaram, sabendo que aquilo com certeza
não era normal, e só acontecera uma vez, vinte e oito anos atrás, quando meu
pai fora o Quarto Campeão.
Mais uma labareda de fogo subiu, e McGonagall, com o corpo completamente
paralisado, apenas estendeu o braço de forma automática pegando o quarto
pergaminho. Leu o que estava escrito e seus olhos se arregalaram.
– Meu Merlim! – exclamou, e percorreu os olhos pela nossa mesa. Seus
olhos foram em direção exatamente onde estávamos. Ela pigarreou novamente e
leu: – Albus Potter.
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