Os Anjos de Beauxbatons
POV
Rose
"Cara Srt. Weasley, vossa
senhoria está convidada para o ilustre jogo que eu, o lindo, gostoso e popular
de Hogwarts, está organizando na majestosa Sala Comunal da Sonserina. Peço sua
presença nesse memorável momento.
PS:
não é necessária confirmação.
PS²:
Scorpius estará lá.
Att,
Luke
Zabini."
Por um momento, fiquei
encarando o papel que me foi dado por um primeiranista da Sonserina, sem
acreditar no que via. E então, sem poder evitar, prorrompi em gargalhadas.
Minhas risadas foram acompanhadas por Caterine e Sophie, que também tinham
recebido o mesmo bilhete. Realmente, Luke Zabini era um palhaço! Nunca pensei
que ele poderia ser assim, afinal no tempo em que eu estudava aqui ele
geralmente aparentava seriedade e falava pouco, e sempre tinha um olhar
zangado... Ou, talvez, seu mau humor fosse direcionado apenas aos grifinórios.
Por fim, nossas risadas foram
diminuindo e nós três nos entreolhamos, em dúvida.
– Será que vamos? – perguntou
Sophie, parecendo um pouco incerta.
– Acho que sim. Não fará nenhum
mal. – respondi, dando de ombros, apesar de também estar com um certo receio. O
que poderiam estar aprontando os sonserinos?
– Que jogo será que é? –
Caterine, ao contrário de nós, estava apenas curiosa. Esse era o seu maior
fraco: curiosidade em excesso.
– Não sei. – dei de ombros
novamente. – Só vamos descobrir se formos até lá. – nos entreolhamos, agora
divertidas, sabendo que de um jeito ou de outro iríamos até lá para saber o que
estavam fazendo.
– Não seria melhor se
colocássemos uma roupa? – perguntou Sophie, apontando para seu corpo que estava
sob uma fina camisola de seda azul, muito semelhante à minha, mas que era preta.
Caterine vestia um pijama curto rosa bebê.
– Seria ridículo se
colocássemos uma roupa a essa hora da noite. – disse Caterine, dando de ombros.
Concordei com ela, já que era uma hora da madrugada. Sophie também concordou e
então saímos lentamente do dormitório, descendo em fila indiana pela escada
estreita.
Ao chegarmos lá, vimos que não
éramos as únicas convidadas: Nicole, Louise, Giulio e – estou ferrada –
Friedrich também estavam lá. De Hogwarts, estavam ali Luke, dois garotos que eu
não conheço, uma garota que estava sentada no colo de um dos garotos, e – como
Luke prometera – Scorpius. Abri um sorriso instantaneamente ao vê-lo ali. Era
cansativo brigar com ele, além de eu ter ficado culpada por ter discutido por
algo tão bobo. Ele assim que me viu também deu um sorriso, mas parecia um pouco
incerto. Caminhei em direção a poltrona que ele estava sentado e pulei em seu
colo, o abraçando.
– Que roupa é essa senhorita
Weasley? – sussurrou em meu ouvido. Sorrindo, me afastei um pouco dele, tempo
suficiente para flagrá-lo olhando para as minhas pernas.
– Isto é uma camisola,
senhorito Malfoy. – brinquei, afastando seu cabelo que caía na testa.
– Uma camisola muito indecente,
pelo que posso ver. – ele já não me olhava mais, apenas encarava um dos outros
garotos que ali estavam, que não tirava os olhos de mim. Ainda sorrindo, me
aproximei o suficiente para sussurrar no ouvido de Scorpius.
– Ciúmes novamente? – não
esperando sua resposta, me levantei de seu colo, indo em direção a Sophie que
estava ficando sem graça ao lado de Caterine e Zabini que não paravam de
conversar. – Afinal – disse, quando cheguei mais perto – o que vamos jogar?
Isso chamou a atenção de Luke
que ergueu a varinha animado: - Verdade ou consequência!
Pus a mão na cintura não
acreditando que estávamos partindo para um jogo tão infantil, mas depois ri
olhando rapidamente na direção de Nicole, Louise e Friedrich. Aquilo seria interessante. Ao menos
Aline não estava ali.
– Que reunião é essa? –
malditos pensamentos! Ergui meu olhar na direção da escada e ali estava minha
pequena amiga, encarando todos no Salão claramente sem entender o que
acontecia. Line sofria de insônia, então era normal ela caminhar pelos
corredores de Beauxbaton enquanto o sono não vinha. A insônia devia ter piorado
com a viagem até Londres.
Olhei Zabini rezando para que
ele fosse mal educado e a mandasse dar o fora dali, mas então um dos garotos
que eu não conhecia riu e disse:
– Quanto mais garotas, melhor.
– Zabini acompanhou a risada do amigo e foi na direção de Line.
– Então, nós vamos jogar um
pouco... sabe, pra relaxar a mente. Quer participar? – Line cruzou os braços,
desconfiada. – Verdade ou consequência... – ele completou como se aquilo fosse
tentador o suficiente para qualquer pessoa querer participar.
Ela cravou os olhos em mim um
segundo. Caterine bufou de onde estava.
– Até parece que essa daí...
– Vamos jogar. – Aline
interrompeu Cat fingindo animação e aceitando a mão que Zabini estendia para
ela. Por que eu tinha a impressão de que aquilo não acabaria bem?
Todos nos acomodamos no chão
formando um círculo. Eu me sentei entre Sophie e Line e Scorp estava
diretamente a minha frente, provavelmente querendo diminuir os riscos de que eu
acabasse por me envolver com outra pessoa no jogo. Ele estava ao lado de Friedrich e Louise.
Sabendo como funcionava o jogo,
todos entregamos nossas varinhas a Luke. Ele lançou um feitiço e as varinhas se
uniram, como se fossem coladas uma sobre a outra. Aquilo era para garantir que
nenhuma história sairia dali. Depois de feito o feitiço, ele nos devolveu
nossas varinhas e retirou uma garrafa do bolso da veste. Era uma garrafa de cor
preta que ele colocou sobre a pequena mesa de centro, girando-a.
– Parece que nunca jogou,
Zabini. – ri de sua animação e ele mexeu a cabeça lentamente, como se não
concordasse com o que eu falara.
– Gente nova hoje. – ele e os
garotos riram enquanto nós, garotas, reclamávamos.
– Típico. – Aline soltou baixo
pra mim.
A primeira parada da ponta da
garrafa foi em Sophie. Sorri mentalmente, aliviada por não ser eu.
– Vamos deixar claro algumas
coisas. – Luke falou sob o sorriso cínico de Soph. - Caso escolha verdade, e
deseje mudar para consequência, pode, e vice-versa. Mas só pode mudaruma vez. A pequena Lucy foi feita sob encomenda
das garotas daqui, porque, segundo elas, estávamos pegando um pouco pesado. –
Scorpius riu, parando quando lhe olhei.
– Você deu nome a uma garrafa? – Nicole perguntou quase sem acreditar.
– Não perturbe Lucy, ela pode
te perseguir. – a garota que estivera sentada no colo de um dos garotos quando
eu chegara falou meio alterada. – E sim, vocês estavam exagerando. – ela olhou
diretamente para Scorp que corou, o que me fez cruzar os braços. Adoraria saber
o que Malfoy aprontara todo aquele tempo.
– Continuando. – Luke falou
deixando claro que não gostara da interrupção. – Quando a pessoa opta por não
responder, não cumprir a tarefa ou, caso minta, paga tirando uma peça de roupa.
– olhei rapidamente Soph e ela devolveu. Quase era possível tocar o desespero
que nos tomara. A única peça que tínhamos como proteção era a camisola, sem
ela, estaríamos apenas com as roupas íntimas. – Uma das magias de Lucy é
permitir que cada pessoa tire as peças de roupa até restar apenas cueca,
calcinha e soutien, por isso, é melhor só usar esse artifício uma vez, porque
Lucy possui três tipos de azarações que podemos escolher para ser lançada na
pessoa que não seguir as regras.
Engoli em seco, rezando para
que ninguém fizesse perguntas muito difíceis a ser respondidas para mim.
– Tendo todos sido avisados...
– ele voltou a olhar Soph como se fosse devorá-la com o olhar. – Vamos começar.
Sophia, você é virgem?
Minha mente deu uma guinada
intensa naquele momento. Olhei Soph que parecia ter perdido o chão com a
pergunta.
– Co... como? – era difícil ela
ficar sem graça daquele jeito e Luke conseguiu com apenas três palavras.
– Isso aí. Você...
– Eu já ouvi! – resmungou ainda
vermelha e algumas pessoas da roda riram. Tossiu levemente como se algo
estivesse em sua garganta e se recompôs. – Sim, sou virgem.
Todos olhamos ansiosos para a
garrafa que ficou verde. Soph respirou aliviada.
– Relaxa, ele só ta querendo
assustar. – a mesma garota que falara sobre a garrafa e que estava ao lado de
Soph, sussurrou para ela.
– Conseguiu. – ela tinha um
olhar feroz e a única coisa que eu podia dizer é que tinha pena da próxima
pessoa que a garrafa escolhesse. Ela engatinhou para o centro da roda girando a
garrafa.
E ela girou e girou...
– Eita caramba. – Aline falou
baixo quando a garrafa parou.
– Giulio. – Soph falou em
êxtase e eu vi o rosto de nosso amigo em desespero. - Você é apaixonado por
Cat?
Sophie perguntou tão rápido,
que sequer tive tempo de dizer a ela para pegar leve. Com exceção dos dois
garotos que eu não conhecia – que assobiavam animados – e Scorpius – que ria –
o clima ficou extremamente pesado. Luke era um palhaço, mas estava interessado
em Cat e olhou para Giulio quase exigindo a resposta. Quanto a minha amiga... o
que posso dizer? Tinha uma mistura de pasmice com surpresa.
– Não... – a garrafa ficou
vermelha instantaneamente, mas nem era preciso olhar para ela para saber que
ele mentia. A resposta fora mais uma pergunta que qualquer outra coisa. Giulio
estava desesperado e sequer olhava para qualquer direção próxima a Caterine.
Sobre os assovios de alguns, a garota da garrafa falou:
– Ta devendo uma peça pra
garrafa, meu bem. – os garotos riram e aguardamos Giulio cumprir a penitência
por mentir. Ele engoliu em seco, mas tirou a camisa do pijama que usava. Nós de
Beauxbatons já estávamos acostumados a ver Giulio sem camisa, já que era muito
comum nossos jogos desses tipos e Giulio quase sempre mentia ou se recusava a
responder. Mas a outra garota que estava ali nunca vira Giulio sem camisa, e a
vi dando uma bela secada em meu amigo.
Quando a garrafa foi girada
mais uma vez, ela caiu em Friedrich. Ele engoliu em seco e tive pena do pobre
garoto. Giulio tinha conhecimento de todos os seus podres e sabia ser muito
maldoso quando queria. Fried, provavelmente pensando o mesmo, foi muito
corajoso ao escolher:
– Consequência. – Giulio sorriu
malicioso e, apontando pra mim, falou o que fez meu coração parar por um mero
segundo:
– Beije a Rose. De língua. –
não, Giulio não pediu isso, certo? Errado. Pela cara furiosa de Scorpius, supus
que fora mesmo esse o desafio dado por Giulio. Como eu disse, ele sabia ser
muito maldoso quando queria. Quem em sã consciência pediria aquilo para
Friedrich, sabendo de toda a nossa história?
Pelo canto de olho, vi
Friedrich vindo em direção a mim. Ele estava sério, seu rosto indecifrável. Num
último momento, enquanto segurava em suas mãos para me levantar, mandei um
olhar de desculpas para Scorpius, sabendo que aquele não seria um simples
beijo.
E não foi.
Friedrich passou suas mãos por
minha cintura e, puxando ferozmente meu rosto para o seu, fez o que eu sabia
que desejava fazer novamente há tempos. Ele parecia querer se vingar por tudo
que eu fizera a ele, já que apertava com tanta força minha cintura que fazia
com que nossos corpos ficassem completamente colados. E eu não consegui fazer
nada que não fosse retribuir.
Eu poderia tê-lo negado várias
vezes, mas era impossível dizer que ele não mexia comigo, porque seria uma
completa mentira. Era como se Friedrich exercesse um poder sobre mim, o qual eu
conseguia rebater evitando-o, mas quando ele estava próximo daquele jeito,
tornava-se basicamente impossível de resistir.
Tão subitamente quanto me
agarrou, ele me soltou. Demorei um segundo para me situar e quando voltei a me
sentar, o clima estava ainda mais tenso que antes. Meu rosto estava quente. Na
verdade, eu estava inteiramente quente após aquele momento
totalmente embaraçoso. Quando Friedrich se sentou em seu lugar, vi que exibia
um sorriso vitorioso na face. Senti nojo dele naquele momento, porém, olhando
para o rosto raivoso de Scorpius, percebi algo que fez meu estomago embrulhar:
eu não estava fazendo com ele o mesmo que Friedrich fizera comigo?
A diferença era que Scorp não
sabia que estávamos jogando.
A garrafa foi mais uma vez
girada, e parou justamente em Aline. Novamente, senti um alívio me invadir. O
jogo estava pesado e eu estava até mesmo com medo de quando a garrafa parasse
em mim. Aline manteve a postura firme, apesar de um certo receio brilhar em
seus olhos.
– O que você vai querer? –
perguntou Friedrich, com a voz ligeiramente entediada.
– Verdade. – respondeu Line.
– Você odeia Caterine? – a pergunta
de Fritz parecia estar na ponta de sua língua, já que ele perguntou sem nem
hesitar. Por outro lado, vi a hesitação de Line. Cat pareceu um tanto assustada
quando viu seu nome citado mais uma vez, mas logo após relaxou e olhou para
Aline estranhamente. Todos sabiam que as duas não se davam bem, mas ninguém,
nem mesmo eu, parecia conhecer Line o suficiente. O ar ficou meio tenso, pois
apesar de os garotos de Hogwarts não entenderem o porquê, nós, de Beauxbatons,
sabíamos que elas não gostavam uma da outra. Mas apesar disso, eu achava que
Aline nunca diria aquilo na frente de tantas pessoas. Os sentimentos dela eram
sempre guardados pra ela. Por isso, não foi nenhuma surpresa para mim quando
Line balançou a cabeça em negativa, e mudou para consequência. Novamente, a
língua ferroada de Friedrich parecia estar pronta para qualquer desafio.
– Beije Malfoy.
Dessa vez, foi a minha vez de
entrar em pânico. Eu juro, juro, que vou matar Friedrich! Line pareceu
assustada também, e olhou rapidamente para mim. Tentei normalizar meu rosto, de
modo a esconder minha raiva e a mágoa que já estava sentindo por justamente
Line beijar Scorpius.
Tentei, sem sucesso, deixar meu
rosto transparente de emoções. Porém, de qualquer forma, ela me conhecia bem
demais e deve ter percebido os sentimentos conflitantes que eu estava sentindo.
Mas foi surpreendida quando ela, ao invés de realizar o desafio, tirou a
camisola que estava vestindo, e ficou apenas de soutien e calcinha.
– Ual! – os garotos
simplesmente não pararam de babar em cima de Aline. Sem exceção.
– Que foi, nunca viram uma
garota sem roupa? – ela ajeitou levemente os óculos sobre o nariz e se abaixou
girando a garrafa.
Eu estava um pouco surpresa por
ela ter tomado aquela atitude. Na situação dela, eu provavelmente teria preferido
beijar quem quer que fosse, mas ela foi uma amiga fiel fazendo o que ninguém
esperava. Nem mesmo eu.
Quando ela voltou a se sentar
ao meu lado, Scorpius finalmente passou os olhos por meu rosto vendo o quanto
eu estava irritada por ele estar secando minha amiga daquela forma. Ele abriu a
boca, provavelmente para sussurrar um pedido de desculpas – eu esperava isso,
pelo menos -, mas eu me virei para Aline.
– Obrigada. – apenas movi os
lábios e ela deu um sorriso voltando sua atenção para a garrafa. Que parou…
– Isso ta errado! Essa garrafa
só ta caindo na gente! – Cat resmungou quando a ponta da garrafa parou
apontando em sua direção.
– É que vocês são novos e Ela
sabe disso. – Scorpius quem explicou.
Não olhei em sua direção,
aguardando a pergunta que Line lançaria.
– A sensação de pegar o
namorado de uma amiga foi boa, Caterine? – olhei surpresa para minha amiga que
tinha um olhar gélido. Ela olhou rapidamente na direção de Louise se voltando
depois para Aline.
– Não. – pisquei confusa com
aquilo, mas olhei na direção da garrafa ainda mais estupefata ao vê-la ficar
vermelha. Olhei Aline que tinha um sorriso sarcástico no rosto enquanto Cat se
levantava tirando o short do pijama que usava. – To saindo. – avisou se
abaixando e pegando a varinha.
Olhei Louise que encarava o
chão sem expressão alguma. Logo depois ela também se levantou dizendo que
estava saindo do jogo.
O que, pelas calças de Merlim,
acabara de acontecer?
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